- Saúde, beleza e vida longa.
Quem não procura ter uma vida com esses atributos? Todos. Só que para isso, algumas pessoas acabam por lançar mão de tratamentos, os mais variados, na maior parte das vezes sem indicação médica. A medida pode acabar resultando em efeito contrário ao almejado, com o comprometimento da saúde. Esse é o caso do uso de suplementos vitamínicos, até pouco tempo consumidos, principalmente, em cápsulas.
Recentemente, o consumo de vitaminas e sais minerais, que são essenciais para o metabolismo do nosso organismo e para a prevenção de doenças, se sofisticou e ganhou a forma injetável. O método muito utilizado por celebridades como a cantora Madonna - segundo ela para ter mais energia - acabou ganhando muitos adeptos. Mas o que os médicos pensam disso? Alguns especialistas, partidários da chamada medicina ortomolecular, defendem o uso das vitaminas injetáveis como auxiliares em tratamentos preventivos. Mas essa não é a opinião geral. Daniel Magnoni, chefe do setor de nutrologia e cardiologista do Hospital do Coração, diz que o uso maciço de vitaminas injetáveis não tem validade científica. Ele salienta inclusive que a medicina ortomolecular não é sequer reconhecida pela comunidade científica.
"Quando se vende beleza, melhora do desempenho sexual, músculos tonificados e energia se encontram um campo fértil para incutir nas pessoas o uso de todo tipo de medicamento, pois elas buscam formas milagrosas, como injeções, para alcançar o bem-estar. Mas isso não existe. Nada supera a alimentação saudável, composta de legumes, frutas, verduras para suprir o corpo das vitaminas de que ele necessita."
Magnoni salienta que as vitaminas, em forma de suplemento, são indicadas para grupos especiais de pacientes como grávidas, crianças em fase de crescimento, atletas, pessoas na terceira idade, desnutridos e convalescentes, assim mesmo, por via oral. A forma injetável deveria ser usada apenas em pacientes graves hospitalizados.
Segundo José Antonio Curiati, geriatra do Hospital Sírio-Libanês e médico assistente do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas,
as vitaminas são fundamentais à vida em doses pequenas. "Houve uma premissa de que doses mais elevadas fariam bem à saúde, mas estudos recentes demonstraram que os suplementos vitamínicos, de sais minerais e nutrientes não são benéficos, são inócuos. E mais: em alguns casos podem até mesmo aumentar o risco de alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares.
"A alimentação equilibrada é que protege a saúde. Mas há casos específicos em que o suplemento é indicado. As mulheres na menopausa necessitam de doses de vitamina D e de cálcio para a prevenção da osteoporose. Pessoas submetidas à cirurgia bariátrica não absorvem bem a vitamina B12. Aí sim, nesse caso é indicado o suplemento por via injetável."
O geriatra destaca que há situações mais graves. Fumantes que ingerem suplementos de betacaroteno, ao invés de se protegerem do câncer, têm o risco de ter a doença aumentado. Para Curiati, para ter saúde é preciso dieta equilibrada, rica em frutas, legumes, laticínios sem gordura; atividade física regular; buscar uma qualidade de vida melhor. "Saúde é sinônimo de estilo de vida saudável. Nosso maior patrimônio é a saúde. Não adianta ser uma pessoa estressada, workaholic, e esperar que com suplementos vitamínicos fique protegido de doenças e tenha energia."
Curiati também é um crítico da chamada medicina ortomolecular. "O Conselho Federal de Medicina proíbe a prática da chamada medicina ortomolecular, que é passível de punição pelo conselho."
Médicos e nutricionistas dizem em coro que a alimentação é fundamental.
Mônica Beyruti, nutricionista do departamento de nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, é categórica em afirmar que as vitaminas devem ser obtidas por meio dos alimentos como frutas, legumes, grãos integrais, proteínas (da carne e do leite sem gorduras), cereais integrais.
Mônica também defende o uso de suplementos apenas em casos especiais, como o de disfunção de absorção, que acontece, por exemp´lo, em pessoas submetidas a cirurgia de redução de estômago. "Essas pessoas necessitam de B12 injetável. Os suplementos também são indicados para pessoas com dietas de baixas calorias."
A nutricionista também alerta para os efeitos nocivos do excesso de vitamina. "O uso de vitamina A, por tempo prolongado, sem acompanhamento médico, pode levar a toxicidade hepática. O consumo excessivo de um nutriente pode acabar atrapalhando a absorção, pelo organismo, de outros nutrientes. O ideal é ter bom senso e sempre consultar um médico", conclui.
Fonte: Gazeta Mercantil - Lourdes Rodrigues
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